Sector da aviação tem uma oferta formativa limitada

“Com as várias crises sócio-politico-económicas pelas quais a aviação passou, uma crescente crise de competências na aviação foi-se instalando, e hoje a aviação mantém- se um setor desafiante, mas com pouco glamour e com uma oferta formativa limitada”, afirma Patrícia Batista, CEO do IITA -Instituto Internacional de Turismo e Aviação. “A nossa ambição é que esse rigor, paixão e glamour de há 20 anos volte à aviação, com as adaptações inerentes e necessárias ao progresso do setor e da sociedade”, acrescenta. O IITA veio para Portugal
em 2022 e prepara-se para se acreditar como um Instituto Superior Técnico.

Vida Económica – Em que se diferencia a nova oferta de ensino
profissional em Aviação?

Patrícia Batista – Em Portugal as escolas ainda seguem maioritariamente um modelo tradicional de ensino, onde os docentes são a figura central do conhecimento e responsáveis por garantir a aprendizagem dos alunos. O IITA na sua colaboração com as escolas respeita esta metodologia, que tem o seu mérito, no entanto, o nosso processo de ensino da área técnica centra-se na atividade do aluno.

O nosso princípio básico centra-se numa metodologia ativa e integrativa, com diversidade curricular e formação polivalente do aluno, com integração total do trabalho individual e produtivo. As dimensões emocionais e pessoais do desenvolvimento do aluno têm um peso preponderante, dando por isso espaço para a livre expressão dos alunos e para a sua participação ativa nas tarefas de ensino, para que desta forma a aprendizagem seja significativa relacionável com a vida real e nunca apenas o resultado da
memorização ou da repetição.

Vida Económica – O que diferencia o IITA de outras instituições?

Patrícia Batista -O nosso instituto é especializado em aviação, com a missão de atrair, forma e reter a próxima geração de profissionais da aviação, o que é pioneiro em Portugal. Os nossos alunos iniciam a sua carreira em aviação no 10o ano e após completarem o 12o ano, ou entram no mercado de trabalho, podem seguir diferentes percursos, tais como, Técnicos de Tráfego de assistência em Escala, Mecânicos de Aeronaves, Pilotos, Assistentes de Bordo, Loadmasters, entre outros, ou seguem para o ensino superior. A nossa visão “As pessoas certas, com as competências certas, nas funções certas” promove ofertas formativas mais especializadas e em mais ver- tentes do setor. O exemplo disso é o nosso objetivo de lançarmos em breve em sinergia com alguns parceiros, qualificações na área das Operações de Carga Aérea, entre
outros, que está em franca expansão e para a qual há poucos especialistas,
onde nós próprios sentimos dificuldade em arranjar formadores.

Vida Económica – Após a conclusão do programa, a que desafios estarão os alunos aptos a dar resposta?

Patrícia Batista – Durante o curso, os alunos vão ser expostos ao contexto real das várias funções para as quais estarão aptos a candidatar-se no final do curso. Para tal, vão desenvolver, para além das competências técnicas, competências de tomada de decisão em contexto critico, de liderança

transformacional, de comunicação intercultural e de adaptabilidade às rápidas mudanças que se fazem sentir numa operação aeroportuária. Igualmente, o IITA, através dos
seus Conselhos Consultivos, está
a par dos desenvolvimentos mais
atuais na indústria, o que permite
incluir e desenvolver no currículo,
os conteúdos e as competências
a pensar no futuro. É nossa
convicção que os três anos de
estudos de avia- ção ao nível
secundário vão preparar melhor
os alunos que pretendem
prosseguir para o ensino superior,
podendo seguir várias vertentes
de especialização e desta forma
estarem aptos a integrar
mercados nacionais e
internacionais.

Vida Económica – De que forma a motivação é estimulada?

Patrícia Batista -No nosso programa curricular da área técnica, promovemos trabalhos de grupo, atividades de “team building”, debates, projetos de mentoria entre alunos, aprendizagem em contexto real através de live streaming para a sala de aula e mais tarde do estágio, experiências de aprendizagem imersivas (realidade virtual), visitas de estudo, visitas às escolas de oradores convidados e do nosso Summit anual, onde os alunos vão ter a oportunidade de ouvir vários oradores, interagir com os nossos parceiros da indústria e fazer networking. Para além disso, vamos implementar a Escola Virtual, numa parceria com a Porto Editora,
onde os nossos alunos terão acesso a
conteúdos mais interativos.

Vida Económica – Que auxilio é fornecido na integração efetiva dos estudantes?

Patrícia Batista -O IITA está a estabelecer parcerias com organizações nacionais e internacionais para garantir aos alunos o estágio obrigatório.
Pretendemos que os nossos alunos conheçam não só o mercado nacional, mas também o internacional de forma a abrir-lhes mais portas no seu futuro. Durante o curso, os alunos vão ser preparados para processos de recrutamento e terão oportunidade de participar em “career days”, onde vão conhecer as várias organizações presentes no mercado e desta forma fazer uma escolha informada de onde gostariam de fazer estágio e trabalhar no futuro. Dada a necessidade do mercado, os nossos parceiros garantem aos alunos IITA vagas de seleção após a conclusão do estágio.

Aposta nas parcerias

Vida Económica – Considera que investir em formações do futuro é essencial?

Patrícia Batista – Sem dúvida. O IITA lançou este ano em parceria com a APPLA uma formação de Cibersegurança em Aviação deNível I e já estamos a trabalhar noNível II. Estamos também a desenvolver ofertas nos temas da Inteligência Artificial, da Aviação Verde e na Gestão de Redes Operacionais.

Vida Económica – Que potencialidades se ampliam na ligação estreita entre a educação e o seio laboral?

Patrícia Batista -Há 20 anos, o setor da aviação era um setor desafiante,
mas glamoroso. Ser recrutado era
um privilégio porque as funções
eram vistas como especialistas e,
como tal, o processo era seletivo,
rigoroso e exigente. A decisão da
maioria em se candidatar a esta
indústria, era informada e, acima
de tudo era por paixão. Com as várias crises sócio-politico-económicas pelas quais a aviação passou, uma crescente crise de competências na aviação foi-se instalando, e hoje a aviação mantém-se um setor desafiante, mas com pouco glamour e com uma oferta formativa limitada. A nossa ambição é que esse rigor, paixão e glamour de há 20 anos volte à aviação, com as adaptações inerentes e necessárias ao progresso do setor e da sociedade. Para isto acontecer, vai também ser necessário que as organizações da indústria reavaliem o processo de recrutamento, as políticas de remunerações e benefícios, assim como a gestão relacional com os seus colaboradores.

O IITA ambiciona ser o link entre os requisitos académicos e as necessidades da indústria, trabalhando numa visão 360 e em sinergia com organizações empregadoras e educacionais.

Vida Económica – Para quando a chegada do IITA ao ensino superior?

Patrícia Batista – O IITA pretende acreditar-se como um Instituto Superior Técnico de Aviação até 2027, de forma que os nossos alunos possam dar continuidade aos estudos nas várias vertentes da aviação após
completarem o 12o Ano. O nosso projeto é ambicioso visto que gostaríamos de criar um “IITA Village” que englobe um aeroporto escola, mas estamos otimistas de que, sendo este um projeto de interesse para toda a indústria, que a indústria
também ela se junte para nos ajudar
a concretizar este objetivo.

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Quem Somos

Fundado em 2012 no Reino Unido e em 2022 em Portugal, o IITA é pioneiro e especialista em Ground Operations. O nosso foco é atrair, formar e reter a próxima geração de profissionais  da aviação.

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